História da Lousã

A Lousã, situada no centro de Portugal, junto à serra que lhe dá nome, é uma terra de raízes profundas, cuja história atravessa séculos de ocupação humana, conquistas, transformações e tradições que ainda hoje marcam a sua identidade.

Origens antigas

Os vestígios mais antigos da presença humana na região da Lousã remontam à época romana. Fragmentos de cerâmica, moedas, ferramentas e estruturas arquitetónicas dispersas indicam que este território foi utilizado para agricultura, pastoreio e circulação ao longo das vias que ligavam o interior a Aeminium (Coimbra). Ainda que não existisse uma povoação estruturada, o território já era valorizado pela sua localização estratégica e pelos seus recursos naturais.

Arouce e o período medieval

A primeira referência documental ao território surge no ano de 943, quando aparece o topónimo Arouce (“Arauz”). A pequena povoação medieval que se formava na base da serra viria a dar origem à atual Lousã.

Durante a Reconquista Cristã, a região ganhou importância militar. Entre os séculos XI e XII, o alvazil Sisnando Davides, governante de Coimbra, reforçou o castelo local — hoje conhecido como Castelo de Arouce ou Castelo da Lousã — transformando-o numa fortificação essencial para controlar os acessos ao vale do Mondego e proteger o território reconquistado.

Nesta época, surgem também os primeiros núcleos de habitação e pequenas comunidades rurais, dedicadas sobretudo à agricultura, pastorícia e apicultura.

Da formação da vila ao foral manuelino

Com a consolidação do Reino de Portugal, a região continua a organizar-se administrativamente. Em 1151, o rei D. Afonso Henriques concedeu um foral ao território de Arouce. Já em 1160, surge pela primeira vez, em documentos, o nome Lousã, revelando que a povoação começava a assumir identidade própria.

O grande marco administrativo chegaria, porém, com o foral manuelino de 1513, concedido pelo rei D. Manuel I. Este documento reorganizou os impostos, direitos e deveres da população e formalizou a vila da Lousã dentro da estrutura do reino.

Crescimento económico e social

Entre os séculos XVI e XVIII, a Lousã cresceu de forma gradual. A agricultura, as engenhocas de moagem e a criação de gado sustentavam a economia local. Mais tarde, no século XVIII, surgiram pequenas indústrias, destacando-se:

• produção de papel, devido às ribeiras abundantes

• sericicultura (produção de seda)

• pequenas oficinas artesanais

Esta atividade trouxe prosperidade e levou à construção de casas senhoriais e ruas mais organizadas no centro da vila.

Séculos XIX e XX: modernização e desenvolvimento

O século XIX marcou uma transição decisiva. A vila ganhou novos edifícios públicos, comércio estruturado e serviços básicos, incluindo um hospital em funcionamento desde 1888. A chegada da linha ferroviária em 1906 ligou a Lousã a Coimbra e ao restante país, acelerando ainda mais o crescimento económico e a circulação de pessoas.

A partir da segunda metade do século XX, a Lousã expandiu-se com novos bairros, escolas, infraestruturas culturais e desportivas, tornando-se um centro urbano moderno dentro do concelho.

A Lousã contemporânea

No século XXI, a Lousã afirma-se como uma vila dinâmica, que valoriza a sua história e património. A serra, as Aldeias do Xisto, o Santuário da Senhora da Piedade e o Castelo de Arouce fazem dela um destino turístico de natureza, aventura e cultura.

Hoje, a Lousã combina tradição e modernidade: preserva o seu centro histórico e as suas lendas antigas, ao mesmo tempo que oferece serviços, comércio, turismo, indústria e qualidade de vida a quem nela vive ou visita.